Hoje, 04 de agosto seria aniversário da minha avó. Seria se
ela não estivesse morta a 26 anos.
É, ela morreu antes de eu nascer. O que não importa porque
ela ainda é minha avó. E eu tenho muito orgulho dela, mesmo que eu nunca tenha
olhado em seus olhos, deitado em seu colo ou levado uma surra dela.
Leonilda Nielsen Ferreira era mãe da minha mãe, esposa do
homem mais maravilhoso e perfeito que viveu sobre essa terra, mãe de um bando
de criaturinhas estranhas *alguns totais imbecis, ao meu ver*, vó de várias
crianças que hoje são adultos. Que hoje são pais. Não teve oportunidade de ser
bisavó enquanto viva. Mas tem uma bisneta. Uma mulher que era viciada em café e
pipoca, que amava os livros que aprendeu a restaurar na Biblioteca Pública do
Paraná, onde foi seu ultimo emprego. Amava churrasco, festa, gente em volta pra
fazer bagunça. Sofria de dores de cabeça terríveis, tinha problemas de controle
da raiva, era uma mãe rígida, por vezes até cruel com os filhos. Mas uma mãe
que fez deles pessoas de bem, mesmo que um pouco idiotas, mas de bem. Bem
educados, limpos, honestos. E tudo graças a ela. A educação que ela os deu. E
que foi repassada pra alguns dos netos. Eu inclusa.
Uma coisa que eu sei que herdei da minha avó é o amor pelos
livros, por ler. Cuidar dos livros. Jamais que ela poderia ver alguém dobrando
uma pagina de livro, escrevendo em um, maltratando. Assim como eu. Eu realmente
imagino que ela sentia o mesmo fogo e raiva subindo pela garganta ao ver alguém
fazer isso.
Ela amava porcarias, ir ao mercado e na volta sentar em uma
calçada qualquer pra comer bobagem.
Era uma mulher prendada. Prendada, palavra engraçada.
Bordava, tricotava, fazia crochê, pintava, restaurava livros, costurava e ainda
era uma boa esposa, mãe e dona de casa.
Então essa garota aqui, sentada na cama, rodeada por livros
e porcarias de comer é MESMO uma neta digna da Leonilda.
Eu só espero que onde quer que ela esteja ela sinta orgulho
de mim.
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