quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Uma história, uma amiga e uma saudade.


Ontem eu estava no ponto do ônibus, esperando aquela merda chegar pra levar pra faculdade. E um dos melhores momentos para pensar e lembrar de coisas são esses. Momentos em que não temos nada pra fazer e não temos opção. E então começou a tocar uma música qualquer que me fez lembrar, instantaneamente, da minha ultima viagem.
Foi uma grande loucura, mas, quem disse que eu não sou louca?
Uns meses atrás eu escrevi uma historia. Uma historia que eu achei que não daria em nada e que ninguém leria como todas as outras que escrevi. Mas essa, por algum motivo que desconheço, chamou atenção de uma garota. Ela comentou, eu respondi, ela comentou de novo... Conversamos, fomos pro twitter e logo estávamos conversando pelo chat do facebook, já que tínhamos sido expulsas do twitter com a seguinte frase: isso aqui não é chat de facebook.
Os dias foram passando e sempre conversávamos. No twitter, no facebook... O tempo todo. Sobre histórias, sobre música, já que temos algumas bandas em comum, sobre seriados... Sobre qualquer coisa eu podia falar com ela.
Logo me vi contando minha historia pra ela, dividindo meus problemas. Ela logo também estava me contando da vida dela e de seus problemas, e quando me dei conta éramos amigas.
Nem tudo é perfeito, claro. Ela faz o favor de morar la na casa do caralho. Numa cidadezinha no meio do estado de São Paulo. E eu aqui, em Curitiba.
Em pouco tempo nós já falávamos de uma visitar a outra, mas não tínhamos data nem nada concreto. Eu sabia que quando eu acordasse num daqueles meus dias inspirados eu iria. Ou no mínimo decidiria data certa. E foi mais ou menos o que aconteceu. Falamos que eu deveria ir em Janeiro. Janeiro chegou e eu estava tão absolutamente nervosa e ansiosa. Comprei minha passagem, eu não sabia quando voltaria muito menos o que eu iria fazer. Só sabia que chegaria lá no dia seguinte as 8 horas da manhã.
Qualquer pessoa que me conheça sabe que eu sou impaciente, inquieta e insone. Eu não durmo. E eu não paro quieta. Agora pense que tive que ficar sentada numa poltrona não muito confortável por pelo menos 9 horas. Vi Osasco passar por mim, vi São Paulo passar, vi Campinas passar pelos meus olhos... Vi tanta cidade passar por mim que achei que não chegaria jamais ao meu destino. Eu estava ansiosa, nervosa, com um pouco de medo até. E se ela não gostasse de mim pessoalmente? E se ela nem aparecesse? Eu estava num lugar desconhecido.
Logo anunciaram a parada na cidade que eu deveria descer. Eu na minha costumeira jaqueta de couro, e um calor do inferno do lado de fora do ônibus. Eu quase morri sufocada quando ainda descia as escadas para fora. Respirei fundo. Cheguei.
E nem tive tempo de pensar em nada, quando me virei para poder pegar minha mala no bagageiro do ônibus alguém gritou “Nara?!?!” e quando me virei, senti aquela doida me abraçar gritando. Na hora confesso que não tive reação. Era ela. Eu sou meio lerda pra certas coisas e quando pensei em realmente retribuir o abraço ele já havia acabado e eu já estava falando pra ela me deixar pegar a minha mala.
Logo estávamos no carro do pai dela e eu já estava toda a vontade reclamando do calor, liguei pra minha mãe e nós duas tagarelávamos como se nos víssemos todos os dias. Como se tivéssemos anos e anos de amizade. Foi incrível.
Chegamos a casa dela e eu me senti bem. Eu estava sã e salva. Eu era bem vinda.
Foram poucos dias, mas foram dias suficientes para que eu não quisesse entrar no ônibus que me traria de volta pra casa.
Eu ri com ela, ri dela. Passeamos, passei calor, sofri de calor, morri de calor. Tomei o melhor sorvete da minha vida, comi coisas gostosas, conheci pessoas legais. Bebi, claro. E ainda ganhei presentes.
Mas na hora que entrei no ônibus que me traria pra casa eu pensei apenas que eu queria que ela estivesse na poltrona ao meu lado, indo comigo pra casa. Era estranho estar sozinha novamente, voltando pra Curitiba, quando eu sabia que tinha uma amiga e tanto que estava ficando a cada minuto mais longe.  Cada KM que eu estava mais próxima de casa eu ficava mais longe dela e eu estive em uma confusão de sentimentos absurda nas horas que fiquei presa naquele ônibus.
Claro que depois de algumas horas eu realmente ansiava por chegar em casa, tomar um banho e me esticar na minha cama. Mas quando cheguei em casa eu pensei: que silencio sem a voz dela pra falar qualquer merda e me fazer rir.
E eu sei que ela também se sentiu assim. E na verdade até agora, mais de um mês depois dessa viagem, eu ainda sinto por alguns instantes que eu não deveria estar nesse quarto sozinha, e sim com ela do lado falando sobre qualquer coisa.
Por ironia do destino uma historia minha que resolvi colocar na internet me trouxe uma amiga. Uma amiga de verdade, que se eu puder levarei pra toda minha vida.
E eu escrevi tudo isso apenas porque hoje acordei com saudade daqueles dias. Eu espero poder vê-la novamente em breve. MUITO em breve.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Minha pedrinha de gelo que descongelou


Seis meses. De novo muito tempo sem me lembrar de que gosto de expor aqui.
Talvez eu não esteja tão exposta assim porque é bem provável que não haja viv’alma que ainda visite essa coisa.
O que apenas melhora pra mim. Me sinto mais leve pra escrever. Desabafar. Esse aqui é meu cantinho pra chorar.
O melhor amigo que me escuta as lamurias sem reclamar, sem pedir nada em troca. Sem me olhar com pena. Infelizmente o melhor amigo que não me oferece ajuda, apenas um conforto momentâneo.
Mas é o melhor que posso ter e o que eu preciso. Um amigo pra desabafar.
Por algum motivo que desconheço o destino e a vida se uniram pra brincar com a minha cara.
Porque não tem outro tipo de explicação para o que acontece comigo agora.
Só consigo classificar como piada do destino.
A última coisa que eu escrevi aqui foi reclamando que não conseguia sentir nada.
Até aí ótimo. Mas as coisas mudam.
Faz 6 longos meses desde aquele texto, e nesse tempo as coisas podem ter mudado um pouco. A cada dia que passa as coisas vão ficando mais difíceis, mais complicadas.
Não sei dizer se é ruim, mas eu tinha esquecido o quanto doía sentir algo.
Sentir qualquer coisa machuca, dói. É horrível.
Hoje me peguei sentada aqui, pensando em algo, ou alguém, e sentindo a absurda vontade de chorar. Chorar de soluçar, chorar até que meu corpo se cansasse tanto que eu dormiria. Chorar todas as dores. Chorar a maldição de sentir algo.
Confesso que a vontade de chorar ainda me aperta o peito agora. Que os olhos estão cheios de lagrimas ao escrever isso aqui. Mas eu tento ser forte e não chorar. Eu não sou mais uma menininha, nem muito menos aquela adolescente boba. Eu sou uma mulher.
E eu digo a mim mesma que mulheres não choram.
Não me importo se isso é uma mentira, eu apenas digo isso repetidamente para mim.
E é tão vergonhoso pra mim assumir tudo isso. Logo eu que me gabei tanto por não sentir mais nada, por poder apenas analisar as coisas com meu cérebro, e não mais usar o coração.
Eu que tinha dito a mim mesma que não permitiria mais que o coração me guiasse. Que jurei mente-lo congelado para sempre no meu peito.
Então a vida riu da minha cara e o destino fez seu trabalho e eu senti, pouco a pouco o gelo derreter. Senti o cérebro começar a vacilar ao ouvir os sussurros do coração. Coração aquele que devia estar morto depois de tudo que viveu, mas que estava apenas adormecido. E a cada minuto que passa parece mais e mais vivo. Mais e mais forte em mim.
E eu queria ter forças para calá-lo, porém não tenho. Queria poder congelá-lo novamente, mas não tenho esse poder.
Queria muito poder colocar uma adaga nele e fazê-lo parar de bater por pessoas, mas não tenho essa coragem.
Só quero registrar aqui, hoje, nessa noite que estou confusa em pensamentos, que eu sinto. Que, infelizmente, eu sinto novamente.
Tudo que eu queria era voltar a não ter um coração batendo, quente e agitado, no peito. Eu queria de volta minha pedra de gelo. Só isso.