sábado, 28 de julho de 2012

Eu não esqueci o Blog. Post: 20 anos de vida.


20 anos. 7.300 dias que vivi. Nenhum igual ao outro. Infelizmente e felizmente.
Acho que minha ficha não caiu ainda. De que tenho realmente 20 anos. Ainda me sinto a garotinha de 12 anos que era estranha e nada atraente, que era desastrada e ainda assim tentava se enturmar com os caras legais. Ainda sinto em mim a garota de 13 anos que teve seu primeiro “amor” correspondido. Que namorou pela primeira vez, e até hoje ainda sinto nas minhas memórias a felicidade que pulsava no meu corpo naqueles dias bonitos. Ainda sou a garota com 15 anos frustrada, sem festa, longe dos amigos, morando em um barracão quase sem ter o que comer, que dormia no chão, que não tinha casa e que nem estudava. Com certeza sou a garota de 16 que voltou a viver, que descobriu o mundo, que fez amigos, que amou novamente, que viveu loucamente e que fez tantas merdas quanto uma garota de 16 anos pode fazer. Ainda sou a Nara com 18 anos, meio frustrada por não ter mais a companhia de algumas pessoas que eram tão importantes, que se esforçava pra se adequar. Ainda tenho, em minha mente, 19 anos. Mas meu corpo tem 20, e dentro dele estão todas essas garotas ai de cima. E mais algumas que ficaram fora da descrição. A menininha loirinha, com cabelos longos presos em “maria-chiquinha”, rosto redondo e sorriso banguela. A menina desengonçada que não sabia rebolar, que “agitava rock” com calças na cabeça. Todas essas vivem dentro desse corpo estranho que sou eu.
E cada dia que passa algo muda mais. Aprendo algo novo, vivo uma nova coisa.
E seria a maior mentira da humanidade dizer que não mudamos com o passar do tempo. Mudamos todos os dias. O que acontece é que mudamos apenas por nós mesmos. Mudamos para sermos melhores para nós e não pra agradar alguém. Mas quem sou eu pra falar? Eu já mudei tantas vezes por pessoas. E elas foram embora. E as mudanças ficaram. E sabe? Acabei me encontrando nessas mudanças e descobrindo que era exatamente assim que eu queria e DEVERIA ser.
Por exemplo, o meu maior segredo: Eu amava a cor do meu cabelo. Aquele castanho clarinho, quase loiro com mechas naturais mais claras. Ele era lindo, e eu parecia uma menininha. E ai eu pintei de preto dizendo pra todo mundo, e pra mim mesma, que eu havia enjoado da cor natural.
MENTIRA DESLAVADA.
Isso vai soar extremamente ridículo, mas eu preciso falar. Escrever.
Eu mudei a cor do meu cabelo por uma PESSOA. E essa pessoa não era eu.
Ele dizia aos quatro cantos do mundo que adorava mulheres de cabelos pretos. Eu amava ele. Que mal ia fazer pintar o cabelo? Fui lá, fiz o maior escândalo do mundo com a minha mãe, porque na época eu nem trabalhava ainda, e comprei as tintas. Dia 24 de Agosto de 2008 eu pintei meu cabelo.  Levei o maior susto do universo ao me olhar no espelho e ver os meus cabelos que antes eram tão clarinhos, negros. Como a noite. Juro. Mas ficou lindo.
Eu me apaixonei a primeira vista, e disse a mim mesma que eu havia pintado porque eu sabia que iria ficar perfeito. Eu não queria admitir nem pra mim que tinha feito isso por alguém que não era eu.
Mas eu não me arrependi nem um segundo por ter feito o que fiz por alguém. Porque descobri que realmente sou melhor morena.
E também porque no dia seguinte, quando me viu pela primeira vez morena valeu a pena. Realmente valeu.
Mas isso não importa. Já perdi o foco. DE NOVO.
Enfim, ao longo de todos esses anos vividos, que podem parecer pouca coisa pra alguns, mas pra mim não. Cara, eu realmente acho que vivi coisa pra caralho. Eu fui feliz, eu sofri, eu me decepcionei, eu me surpreendi, eu me perdi, eu me encontrei. Eu cai, EU LEVANTEI.
Ai eu leio aquela frase: “Quantas vezes eu coração pode ser quebrado?”
O meu grita: Quantas forem necessárias pra aprender e encontrar alguém que valha a pena.
Porque, honestamente, eu já to a beira de perder as contas de quantas vezes meu pobre coraçãozinho quebrou. E sabe o que? ELE TA BEM, TA BATENDO E TA LINDO.
Voltando ao fato das mudanças...
Eu mudei tanto que quase me perdi no meio de tudo isso. E nesses ultimo ano que eu vivi minhas mudanças foram tanto internas quanto externas. Mas eu rodei, rodei e acabei quase do mesmo jeito, apenas um pouco mais madura.
Partindo do ponto em que fiz 19 anos. Pouco mais de um mês depois disso eu tive uma decepção muito grande. Com uma pessoa e comigo mesma. Poha, eu me decepcionei mesmo. Como eu pude ser tão burra? Ingênua? Fraca?
Mas fui. Chorei, me joguei no chão, gritei, implorei. ME HUMILHEI. E caralho como me arrependo disso. Porque era por uma coisa que não valia nada. Nada. Era apenas passado.
E ai eu passei dois meses doente. Doente de verdade, não era frescura. Eu sumi, eu quase reprovei *de novo*, eu não saia da minha cama, eu não comia, eu não conversava. Eu preocupei minha família, meus amigos. Eu quis me matar pela primeira vez. Pela primeira vez na minha vida toda eu estava pensando em abrir um talho do pulso ao cotovelo com alguma lamina qualquer.
Graças a Odin que não fiz isso. Seria uma sujeira desnecessária.
Ai os dias foram passando, os meses... Logo eu já saia novamente, comia e bebia, eu já sorria com os olhos e ria com a alma. Eu estava me curando, lentamente.
E ai em novembro eu fiz a viagem mais louca da minha vida. Foi apenas uma viagem pra praia com alguns amigos malucos. Mas puta merda foi muito foda. Eu ri, bebi, fumei, comi, cai, brinquei, andei e fiz mais coisas impróprias também.
E eu não vou me esquecer tão cedo daqueles dias 25 e 26/11. Ali aprendi que realmente não precisamos de muito pra ter momentos inesquecíveis. Mesmo que hoje algumas pessoas que estavam lá nem falem mais comigo, guardo na memória as imagens e os momentos, e no coração a amizade.
Logo em seguida veio aquele momento que eu esperei a vida toda: Formatura.
Mas eu não paguei, então meu nome não estaria la, eu não estaria no palco e no vídeo não apareceria minha foto. Mas apareceu dos meus amigos. Dos antigos colegas. Do meu acompanhante, infelizmente, não apareceu. Foi bem desagradável.
Eu estava, enfim, formada no Ensino Médio.
Então veio o ano novo mais doido. Com apenas três convidados na minha casa eu tive um ano novo inesquecível. E a primeira coisa que fiz quando bateu 00:00? Tomar uma bela dose de tequila, pra começar bem a coisa.
Eles eram meus amigos. Motivos pra sorrir e seguir em frente. Eram.
E em Janeiro eu consegui um emprego. Maior felicidade, eu estava desempregada desde abril/2011. Não era lá aquelas coisas, mas pagava minhas contas, comprava minhas roupas e me levava pro Largo pra beber.
E ai veio uma puta rasteira. De novo. Mas dessa vez não era por alguém que não valia nada. Era de alguém que eu AMAVA. Que eu chamei de AMIGO por anos.
Um mal entendido, um gesto errado, nenhum direito a defesa. Condenada culpada.
Mas tudo que eu passei antes me ensinou a ser dura. E eu fui. Dessa vez apenas umas poucas lagrimas em silencio, e pronto, passou. Ergui minha cabeça e segui em frente, sem olhar pra trás.
Pois, porque eu iria olhar pra trás, tentar voltar, quando as pessoas não se importavam nem mesmo em me ouvir? Em saber a minha versão dos fatos?
Então que todos fossem a merda. Amigo que é amigo escuta, entende. E PERDOA.
Segui em frente, com mais dificuldade, assumo.
É muito mais difícil seguir sem ter apoio. Eu tinha mais amigos alem dos que ficaram pra trás no final do capitulo anterior da minha vida, mas entenda: Eles eram importantes.
E foi uma boa queda perder 4 amigos e VARIOS colegas de uma paulada só.
Eu não tinha mais companhia pra sair, pra beber, pra me divertir. Eu já não tinha ouvidos pra ouvir as minhas merdas, minhas grandes cagadas. Minha confidente de putarias e erros estava pra trás. Pra mim? Morta e enterrada.
Mas eu ergui minha cabeça, com olhos adiante e caminhei, quase sozinha por um tempo.
Mas ai você começa a ver que nem todos seus amigos vivem com você. Nem todas as pessoas que você pode chamar de amigo estão ali o tempo todo. Alguns, na realidade, quase nunca estão ali, mas se você gritar eles correm pra você.
E isso foi me deixando melhor, me fazendo ligar cada dia menos pra tudo que tinha acontecido. E eu estava sorrindo de novo. Mesmo sem sair muito de casa ainda.
E ai já estamos em Julho. O mês que termina o meu ano. E que foi incrível, de várias maneiras.
Meu inferno astral dessa vez me judiou.
Eu cai, tropecei, me cortei,  briguei, perdi dinheiro, quase mandei tudo a merda. Mas sobrevivi.
Tive o fim de semana de aniversário mais foda da vida.
Bebi como uma alcoólatra na sexta feira 13. Com direito a batida de carro na volta pra casa. Num ônibus. Acho que a essa altura minha sorte já tinha voltado pra mim, porque não aconteceu nada. Não dormi naquela madrugada porque meu mundo girava, o whiskey queria sair, e eu não podia perder a hora.
Até porque, quem precisa dormir, não é?
Sábado sai quando ainda era noite, num frio dos infernos pra buscar alguém na rodoviária. Andei por horas pelo centro com as lojas ainda fechadas, apenas conversando e rindo como três idiotas. Três idiotas tremendo de frio. Fiz compras. Me arrastei pra casa.
Ainda não entendo como eu consegui não apagar quando vi minha cama. Acho que eu estava agitada o suficiente pra esquecer o sono.
A noite da comemoração do aniversario foi memorável, linda. Eu me senti muito feliz.
E logo tudo acabou, e já era segunda. E eu já tinha 20 anos.